2017: o ano em que as transações por cartão superaram o dinheiro
A consultoria Euromonitor projeta que US$ 725 bilhões deixem de ser movimentados via dinheiro no mundo até 2022, e o Brasil é parte da tendência
São Paulo – 2017 pode ter sido o primeiro ano em que o valor das transações por meio de cartões ultrapassou o valor das transações por meio de cédulas e moedas no mundo.
A projeção, da consultoria Euromonitor, é que as transações via cartão subiram 5,5% e atingiram 23,3 trilhões, contra uma queda de 1% no valor por meio de cédulas, o suficiente para inverter a liderança.
A tendência também está presente no Brasil: a projeção é que houve aumento de 5,5% nas transações por cartão contra 4% de alta nas transações em dinheiro em 2017.
“A tendência da substituição dos pagamentos em dinheiro vivo por cartão, principalmente de débito, deve ser uma tendência irreversível e especialmente relevante para compras de baixo valor, em função dos consumidores estarem se acostumando com a segurança e conveniência desse método de pagamento”, diz o post assinado pela pesquisadora Marília Borges.
Os cartões de débito continuarão a ter um desempenho melhor que os de crédito, com um crescimento esperado de 8% esse ano.
“Esse movimento está alinhado com uma megatendência chamada de premiunização que não indica somente a busca por produtos premium, mas também a demanda por uma experiência de pagamento diferenciada”, diz o texto.
A projeção da consultoria é que 725 bilhões de dólares deixem de ser movimentados via dinheiro no mundo até 2022.
No Brasil, deve haver um crescimento modesto de 1% ao ano nas transações via dinheiro no período contra 5% de alta anual nas transações via cartão (valores deflacionados, com preço constante de 2017).
Ainda assim, o valor movimentado por cédulas ainda deve continuar sendo mais alto do que o valor movimentado por cartões no país no horizonte projetado.
Tendência
As compras com cartões no Brasil somaram R$ 308 bilhões no terceiro trimestre de 2017, informou no início de dezembro a entidade que representa o setor, Abecs.
Isso representa um crescimento de 9% sobre o mesmo período de 2016, o maior ritmo de expansão anual desde o segundo trimestre de 2015.
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Vários economistas celebram a transição como algo que permitirá controlar a economia subterrânea e até resolver alguns problemas de política econômica.
Mas a tendência não foi confirmada por um estudo de John Williams, presidente-executivo da divisão de São Francisco do Federal Reserve, e Claire Wang, analista do banco para dados e políticas sobre dinheiro.
Eles verificaram que entre 42 economias que respondem por 75% do PIB mundial, praticamente todas viram o total de dinheiro em circulação crescer em ritmo mais rápido do que a economia como um todo no período entre 2006 e 2014.
Fonte: Exame